"Como todas as coisas que não se sustentam, meu tempo se foi. Em alguma esquina
deserta deixei de calcular minutos e passei a caminhar descalço. Observo as paredes por onde passo e não vejo nenhuma pintura, a não ser aquela que meus olhos vislumbram, cegos, pelas frestas do dia, na iminência da noite. Escuto meus passos como música.
Quando paro, escuto mais: tudo o que não disse mas lembro como aquilo que não me
aconteceu ainda. Amanhã meu silêncio será pedra. E meu corpo, ao encontrar a pintura que procuro, será perda: como a palavra que falo, é minha, e já desapareceu."
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