Porém, mesmo que eu passe os dias pensando em tudo o que te digo e no efeito das minhas palavras, haverá um resultado? estarei eu de alguma forma fazendo parte da tua vida, ou, ao contrário, estaremos nos afastando?
Porque sempre é possível afastar-se ainda mais, ou haverá um limite, uma fronteira que detém o afastamento? Haverá um espaço máximo, ou será que é algo que continua acontecendo, ininterruptamente, à medida que o tempo passa?
No início, a ausência e tudo o que significa essa ausência, a dor, a alegria, e, quem sabe, até o cansaço, depois apenas um nome, uma imagem, e um dia nem isso, nem sequer o esquecimento, essa suspeita, esse espaço vazio. Haverá algo capaz de limitar um espaço vazio?
E mais uma vez imagino que talvez você esteja se perguntando, afinal para quê tudo isso? Talvez, a cada carta, você se pergunte. Sem entender muito bem por que todo este feixe de questionamentos e lembranças e estratégias, por que todas estas voltas. Você aí, o sofá, a poltrona, esta carta e você, irritado com a minha falta de concisão.
Então vou ser clara.
Te respondo, desta vez sem rodeios, sem repetições, da forma simples e sem grandes escândalos como acontecem as coisas mais espantosas, as coisas importantes:
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escrevo para que você me leia.
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Simples assim. Para que você me leia e volte, para que você me leia e pense que há algo surpreendentemente belo em mim, algo que você não viu, algo que passou por nós despercebido. Então, para ser mais clara, é possível?:
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para que você me leia e ame.
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Carola Saavedra - Flores Azuis
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