27.7.09
"- É angústia. E das boas, ele disse." Me vem uma vontade de chorar ao ouvir essa palavra. Angústia. Tão ácida. Hoje o crepúsculo estava azulado, me veio uma vontade de chorar ao percebê-lo azul e triste e silencioso, tímido. Perceber é quase impossível, é de uma graciosidade quase invisível, é quando uma brisa com cheiro de mar invade o continente e por um segundo a realidade vira fantasia ou - quem sabe? - a fantasia vira realidade, quando um vento mais forte desarruma uma mecha do seu cabelo tão perfeitamente alinhado e te tira de transe para pô-la no lugar ou então quando você é escolhido: ele próprio te toca levemente o ombro e cabe a você decidir se acorda ou não, se percebe ou não. Eu percebi e me veio então essa vontade de chorar que falei-lhes antes, dizem que chorar sem motivo é sinônimo de loucura. Mas nesse caso tem motivo, não? por mais que eu não saiba especificar o motivo, ele existe. Mas aí não dá no mesmo, não ter e não saber explicar? Bom, aí eu entrei em casa e fui preparar minha xícara de chá de todos os crepúsculos e coloquei um jazz pra tocar como sempre e então me veio de novo essa vontade de chorar, era uma música tão doce, combinava tão bem com aquele fim de tarde azulado. Então me deixei ficar ali com meu chá e meu jazz e com os azuis com todos os seus tons acinzentados a entrar pelas janelas abertas e ao imaginar a minha imagem sozinha na cozinha com uma xícara de chá na mão, um jazz ao fundo, tons de azul e cinza pelos cantos eu não resisti e a vontade de chorar já não era uma vontade, eu chorava livremente.
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